domingo, 22 de agosto de 2010

Gente da praça




Todos passam todo dia e não se lembram,
Todos passam todo dia e não se importam,
Todos passam querendo ser lembrados,
Todos passam querendo ser observados.

Todo dia vão e voltam cada vez mais ilustrados,
Todo dia fecham os olhos para não serem ofuscados,
Todo dia engravatados e maquiados,
A toda hora retocados.

Tanto e nada




Tanto lixo nas ruas,
Tantas pessoas no chão,
Tantos aviões nas nuvens,
Tanto ouro em uma única mão.

Tanta comida no lixo,
Tantas comidas vazias,
Tanta comida servida,
Tantas jovens com bulimia.

Tantos casebres no morro,
Tantos morreram soterrados,
Tantas mansões no centro,
Tanto ferro a manter o homem afastado.

Tanta falta de tudo,
Tantas mortes por nada,
Tantas sobras de excessos,
Tanto dinheiro guardado.

Tantas leis para o homem,
Tanta violência contra o homem,
Tanta ganância do homem,
Tantos perdidos na essência do homem!

Homens de terno cinza




Homens de petro sentados em uma mesa,
Estudam o bolso dos outros enquanto enxem uma conta no banco.
O povo quis que estivessem ali,
Um verbo no passado,
Muitos já perceberam que estão a ser enganados.

Está escrito na constituição,
Que o poder pertence ao povo,
Mas o povo se mantém em silêncio,
Diante de tanta corrupção.

Laranjas amadurecem no palácio do planalto,
Estão camufladas pelo falso "Ordem e progresso",
São cultivadas por "fichas-sujas",
Que nunca mereceram seus muitos votos.

Esses homens imponentes,
Com tanto poder nas mãos,
Se acham acima de todos,
Não respeitam o cidadão.

O homem que faz as leis,
Só pensa no que ele não tem,
Debocha dos que não o tem,
Mas que deram-lhe de tudo!

Nascer de uma frase




Doce tinta que mancha minha palma,
Me permite escrever mil palavras.
As frases se ajeitam em mil linhas nervosas,
Servindo de recheio a muitos textos bipolares.

Palavras que tornam pensantes os sons,
Entoando o choro de um violino,
Ordenando os berros de uma guitarra
Tornando vivos os ruídos da voz cantada.

Tantos sons de palavras,
Que dão um sentindo maior as emoções,
Sejam elas livres ou aprisionadas.

Palavras que dançam em uma mente emocionada,
Palavras que permitem gritar todas as emoções aprisionadas,
Palavras que não conseguem enganar um rosto sábio,
Palavras que fazem florescer alegria entre vidas alienadas.